Fórum da Aprendizagem Criativa

E aí, como tem sido sua experiência com ensino EAD nesta quarentena?

Boa tarde!

Como uma boa “letrada” gosto muito de escrever e por isso tenho muitos artigos, já que usufruo do texto como forma de consolidar o aprendizado dos conteúdos, além de exercitar a escrita. Então vamos nos ver muito por aqui para trocar muitas experiências!!!

Sabe aquela anotação no cantinho da agenda sobre uma área específica que necessita aprender? Então, era justamente sobre o lado do “mediador” na aprendizagem remota, pois como aluna, já tenho uma “boa experiência”. E exatamente neste momento atípico da história da humanidade eu tive esta oportunidade!

De Supervisora de estágio à Estagiária: aprendendo sobre a educação transformadora

Há mais de 20 anos, minha segunda experiência profissional já havia sido como estagiária, porém com alguns diferenciais da época: primeiramente muito jovem com uma experiência de vida que somava 18 anos, além da formação acadêmica ainda no início e também pelo fato de ser a única atividade profissional que realizava diariamente. Já na atual experiência do estágio concluído aos 44 anos, percebi que cheguei à esta vivência prática com um pouco mais de experiência que um iniciante, entretanto, ao mesmo tempo com a certeza que sempre há muito o que aprender.

Reciprocamente à vivência deste estágio, no atual contexto somou-se o meu trabalho formal e uma família maior, os quais demandam maiores responsabilidades e atenção de quando era mais jovem, por isso precisei conciliar com bastante equilíbrio, e apesar da rotina intensa, o aprendizado foi muito gratificante.

No cenário atual da minha vida profissional, apesar de supervisionar estágios em Administração e não na área educacional, eu procuro proporcionar uma diversidade significativa de vivências, conforme permite a legislação, já que este momento de prática intensifica o aprendizado e a experiência. Por isso, é essencial a receptividade, a empatia e o acompanhamento por parte do Supervisor do estágio, juntamente com a motivação e dedicação do Estagiário. Neste meu treinamento, encontrei o apoio dos Supervisores, e de minha parte não faltou entusiasmo e empenho.

Uma parte do estágio, aconteceu em um momento peculiar da história da humanidade, e por isso foi uma experiência diferenciada, mas que me proporcionou a oportunidade de compreender ainda mais enfaticamente a funcionalidade do ensino infantil, tanto no espaço para cuidar, através do horário em que a criança precisa de um lugar para estar enquanto a família se mantém em outras atividades, quanto num ambiente para educar formalmente, ou seja, não é um recinto onde o aluno somente está presente, mas essencialmente onde ele é cuidado e aprende. A significatividade da educação infantil frente à esta pandemia, enfatiza que uma nação não progride, se não aprendeu a lavar as mãos corretamente na escola de ensino básico!

Percebi que, devido ao contexto da quarentena durante a pandemia de Coronavírus, e o ensino à distância ter-se feito necessário, foi um grande desafio à escola e aos Educadores desenvolverem esse trabalho com as crianças desta fase escolar, que apesar de ser uma geração já bem integrada com a tecnologia, os formatos das aulas remotas exigem outras habilidades além das técnicas, ademais também da barreira de acesso à internet devido situação financeira de algumas famílias. Em contrapartida, considerei muito importante e significativo o esforço e o envolvimento em tempo integral dos familiares, superando os limites naturais que todo ser humano possui.

Para a autorização deste estágio diferenciado de maneira à distância, foram avaliados diversos fatores por todas as partes envolvidas: minha experiência prévia com Educação, o semestre que estou cursando e também todo meu contexto profissional e pessoal, visando a segurança dos alunos da escola num ambiente virtual e também a qualidade e funcionalidade desta experiência prática. Considerei muito positiva esta ação flexível por parte da Universidade e da Escola para um estágio remoto neste momento atípico, principalmente por ser uma atitude visionária, já que o ensino EAD é uma perspectiva em um futuro mais próximo do que imaginamos.

No início do curso e dos estágios, eu não previa essa experiência home office, porém a trajetória da nossa história proporcionou-me mais esta oportunidade. Eu já havia desbravado teoricamente o conhecimento em ensino à distância, e com esta vivência efetiva potencializei o conhecimento sobre ensino remoto através dos seguintes aprendizados: utilização de ferramentas tecnológicas específicas para educação não presencial; recursos pedagógicos mais efetivos para EAD; segurança nas redes no ensino à distância; metodologias ativas na aprendizagem remota e adequação do planejamento presencial para o virtual.

Busquei na Pedagogia este novo desafio nesta fase da vida, que é conhecer e entender como deve ser feito o trabalho educativo com as crianças, e por isso foram experiências muito enriquecedoras. Esta vivência experimental possibilitou originar importantes opções pedagógicas essenciais para contribuir com a potencialização de práticas educacionais efetivas, as quais agregaram experiências positivas para minha formação acadêmica e profissional, favorecendo a aplicação prática dos conteúdos teóricos.

Como já tive experiência com educação, em algumas situações comprovei mais uma vez o que já conheço da rotina de educadores, ou seja, uma intensidade de atividades, preocupações e burocracia, através de um cotidiano ativo em tempo integral, que muitas vezes limita a qualidade do trabalho apesar de todo conhecimento acadêmico, competência técnica e motivação.

O que ainda me causa uma grande insatisfação, é como a educação infantil é pouco valorizada de forma global, através da má remuneração e pouca valorização profissional dos educadores e principalmente da visão assistencialista que nesta fase a escola é um espaço onde a criança somente precisa estar.

Nos estágios, ratifiquei a proposição que o professor tem papel fundamental na estruturação de sua prática docente, de maneira a não fazer dos documentos oficiais amarras que, ao invés de oportunizar experiências de aprendizagens que se sustentem na aquisição de conhecimentos, limitam as crianças a vivenciarem situações que não lhes permitem um desenvolvimento pleno.

No contexto geral das escolas, percebi o lúdico significativamente presente como recurso de aprendizagem. Para Vygotsky, a brincadeira tem papel fundamental no desenvolvimento da criança, considerando que o aprendizado se efetiva por meio das interações. O lúdico permite que haja uma atuação na zona de desenvolvimento proximal do indivíduo, ou seja, cria-se condições para que determinados conhecimentos sejam consolidados, e assim sendo se aprenda brincando.

Outra teoria que aprendi na prática foi sobre a afetividade. Por meio da sintonia afetiva entre as Educadoras e os educandos é perceptível a efetividade da aprendizagem de acordo com teoria pedagógica de Henri Wallon, já que o ambiente acolhedor através do carinho das Professoras proporciona confiança e a motivação para a aprendizagem.

Ainda sobre conceitos, comprovei a eficácia e a eficiência da metodologia construtivista, pois o resultado do aprendizado efetivo é perceptível, já que a aprendizagem não acontece de forma passiva pelo aluno, porque o Professor cria possibilidades enquanto mediador, e por isso promove o avanço cognitivo de cada aluno.

Um dos conteúdos que tenho grande interesse em aprender mais detalhadamente, é sobre alfabetização e o letramento. Nestas experiências, vivenciei o equilíbrio entre os métodos de alfabetizar e a diversidade de recursos para o letramento, e por isso comprovei que as Professoras motivam circunstâncias para que o aluno produza a escrita em conformidade com o que pensa, levando em consideração os erros como possibilidades. Neste procedimento foi essencial o foco das Professoras na motivação das tentativas, que auxiliaram o aluno no avanço da aprendizagem, resultando no processo de alfabetizar letrando e letrar alfabetizando. Assim sendo, compreendi claramente como efetivar, nos anos iniciais do Ensino Fundamental I, a alfabetização e o letramento no contexto geral de todos os conteúdos curriculares.

A cada conteúdo que tive acesso e a cada vivência prática que realizei, ficou ainda mais explícito que o educador tem uma vida em suas mãos! A parte mais difícil dos estágios foi a despedida, pois além de todo acolhimento das equipes, do aprendizado que tive acesso, o carinho das crianças é incrivelmente cativante, e que, apesar de toda energia física e mental necessária para efetivar uma educação transformadora, é possível visualizar através dos alunos, uma perspectiva maravilhosa do futuro.

Concluo que não bastam legislações, fiscalizações e parâmetros para uma educação de qualidade, que visa o desenvolvimento integral do aluno por meio da formação cidadã, ética, moral, emocional e intelectual. O amor e a dedicação pela profissão são primordiais, pois nos impulsiona para novos desafios, nos motiva para a superação dos obstáculos e principalmente nos encoraja a transformar positivamente as vidas que estão em nossas mãos. Por isso, encerro este artigo, com a compreensão explícita que é essencial educar com o coração.