Ola, boa noite!
Sou o professor Bruno Ricardo, professor da rede pública de ensino, e só hoje soube do seu projeto, tenho o interesse de apresentar o que tenho feito, porém estou dificuldades para custear a viagem. Gostaria de apresentar o trabalho que venho desenvolvendo há 2 anos em uma escola da periferia de Belém.
Sou professor recente na Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Professor Nagib Coelho Matni, cheguei em setembro de 2014, e lá Coordeno o PLECE (Projeto Lúdico de Ensino de Ciências e Engenharia), um projeto que defende a ideia de queé preciso levar educação científica e tecnológica para os jovens das periferias, pois sabemos que existem muitos programas sociais oferecidos por ongs e fundações para afastar os jovens das drogas e da delinquência, porém esses programas são sempre do tipo escolinha de futebol, artes marciais, dança e música, nunca vemos um projeto que vise a emancipação da juventude através da ciência e tecnologia.
Projetos de escolinhas de futebol já revelaram muitos craques da bola, de artes marciais já revelaram muitos campeões olímpicos e os projetos de música descobriram muitos talentos, todos saídos das periferias, porém não vemos um gênio sendo revelado em nenhum tipo de projeto dessa natureza, talvez o próximo Albert Einstein seja um morador da periferia e que nunca conheceremos, pois está sendo aliciado pelo trafico ou pela delinquência juvenil.
Dentro desse contexto surgiu a ideia de criação do PLECE que hoje é produto de dissertação do Mestrado Nacional Profissional de Ensino de Física da Sociedade Brasileira de Física, ofertado pela UFPA, e conta com a parceria do projeto de extensão universitária “Robô na Escola” de autoria do Professor Dr. Marco José da Faculdade de Engenharia da Computação, da Universidade do Estado do Pará (UEPA) através Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID), conta também com o apoio da Associação Brasileira de Incentivo à Ciência (ABRIC).
Entendendo o Projeto Lúdico de Ensino de Ciências e Engenharia (PLECE):
O projeto é fruto da prática educativa em uma escola pública da periferia de Belém do Pará, assolada por muitos problemas, tais como a violência e o tráfico de drogas na escola, fator que contribui para o desânimo de alunos e professores; o desinteresse dos estudantes por questões técnicas e epistemológicas relacionados à ciência e tecnologia; e o grande apego por tecnologia móvel que atrapalha o andamento das aulas. Para enfrentar tudo isso foi posto em prática um plano de ação intitulado de Projeto Lúdico de Ensino de Ciências e Engenharia (PLECE), usando Tecnologia Educacional como ferramenta didática viável para despertar nos estudantes o interesse pelos conteúdos de Física ministrados em sala de aula. O trabalho foi desenvolvido com o auxílio de acadêmicos das Engenharias e Ciências Naturais, neste caso os acadêmicos passaram a orientar os estudantes da rede pública na confecção de Artefatos Tecnológicos de Aprendizagem (ATA), na verdade trata-se de construir brinquedos científicos e robôs confeccionados com sucata ou material de baixo custo dentro de uma filosofia do universo “maker” e o método “hands on” na confecção de “brinquedos científicos”, trabalhando questões ligadas ao conceito de educação ambiental e sustentabilidade. Aplicando o método sociointeracionista de Vygotsky, através de um programa construído com ênfase na investigação-ação, atendendo às exigências de competências e habilidades essenciais do Ensino de Física.
O PLECE causou uma transformação radical na escola, pois hoje contamos com oficinas permanentes de robótica com Arduino - tudo patrocinado pelo meu bolso -, os alunos desenvolveram um kit didático para ensinar óptica para um aluno cego (ver link), além da produção de artefatos tecnológicos que foram apresentados em duas mostras científicas, um a em 2015 e outra em 2016, em que foram as primeiras em 15 de fundação do colégio.
Os resultados se mostraram favoráveis para a prática docente dentro de uma perspectiva progressiva do Ensino de Física, com aprendizagem mais significativa dos conhecimentos e conteúdos vinculados ao processo de construção dos Artefatos Tecnológicos e toda a decodificação de sua engenharia. Os resultados foram tão bons que no ano de 2015 o projeto foi selecionado entre os vinte melhores do norte do país no Prêmio “Respostas para o Amanhã”, iniciativa da Samsung, e em 2016 foi o projeto vencedor no concurso cultural “Olho na Escola”, promovido pelo Canal Futura a Fundação roberto Marinho, além de ter sido apresentado em congressos nacionais e em uma conferência internacional de Ensino de Física, a 2nd WCPE (World Conference on Physics Education). Hoje o PLECE faz parte do plano político pedagógico da escola.
O PLECE é uma iniciativa voltada para melhoria da prática docente em sala de aula e para o desenvolvimento da educação, através da difusão e popularização da Ciência, resgatando a cultura das feiras científicas nas escolas e em outros espaços públicos. O intento do processo é aplicar um método facilitador e motivador do binômio ensino-aprendizagem integrado ao tripé Ciência, Tecnologia e Sociedade. Confeccionando equipamentos tecnológicos entendidos como objetos geradores de indagação, reflexão e conscientização (ANGOTTI et al, 2001), culminando na produção e apresentação desses equipamentos numa feira científica como uma forma de desenvolvimento da educação científica e tecnológica em regiões periféricas…
Segue abaixo algumas das atividades que têm sido executadas na escola em que trabalho através do PLECE, assim como vai em anexo a capa e a matéria da revista “Profissão Mestre” de circulação nacional e um artigo sobre o projeto.
O PLECE tem avançado e já possui site próprio www.plece.org, e está sendo desenvolvido em uma escola pública no interior do estado, no município de Santo Antônio do Tauá, com alunos do programa “Mundiar”, um programa para alunos que estão fora da idade escolar recomendada.
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Matéria no Portal da Secretaria de educação do Estado sobre o PLECE:
http://www.seduc.pa.gov.br/site/seduc/modal?ptg=6695
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Entrevista ao Programa Conexão Futura, do canal Futura da Fundação Roberto Marinho:
http://www.futura.org.br/educacao/olhonaescola-professores-participam-de-programas-do-futura/
https://photos.google.com/photo/AF1QipORpmJlPMb5YjGsf6D94duzYDoL2-8FT--5O-sW
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Reportagem da TV Cultura:
https://www.youtube.com/watch?v=bKdkRAzj4Sg
ATT,
Professor Bruno Ricardo.